terça-feira, 20 de outubro de 2009

Poetisa Inquieta ...

Estava refletindo acerca da inquietação do poeta. Então, após ter lido um poema de Fernando Pessoa que falava exatamente disso, resolvi extravasar toda a minha inquietação e traduzí-la em forma de versos ...

Primeiro segue a minha poesia e logo abaixo uma obra do mestre Fernando Pessoa. Ambos tratam do tema inquietação poética ... Bons poemas e Bons sonhos pra vocês!

Inquietude Poética

(*Karina Monteiro)


Poeta,
Ser de alma inquieta,
Somente encontra a calmaria,
Quando se entrega à poesia

Após o ápice da inspiração,
O poeta desfruta o prazer da criação
Após uma noite acalentando versos,
Ele adormece leve, sereno e completo

Nos braços da poesia, ele dorme
Recupera-se da agitação que o consome
Um sono profundo para renovar
O poeta que mesmo acordado, vive a sonhar!

Agora segue o poema de Fernando Pessoa que havia comentado acima ...

LISBON REVISITED (1926)
(Álvaro de Campos - Heterônimo de Fernando Pessoa)

Nada me prende a nada.
Quero cinqüenta coisas ao mesmo tempo.
Anseio com uma angústia de fome de carne
O que não sei que seja -
Definidamente pelo indefinido...
Durmo irrequieto, e vivo num sonhar irrequieto
De quem dorme irrequieto, metade a sonhar.

Fecharam-me todas as portas abstratas e necessárias.
Correram cortinas de todas as hipóteses que eu poderia ver da rua.
Não há na travessa achada o número da porta que me deram.

Acordei para a mesma vida para que tinha adormecido.
Até os meus exércitos sonhados sofreram derrota.
Até os meus sonhos se sentiram falsos ao serem sonhados.
Até a vida só desejada me farta - até essa vida...

Compreendo a intervalos desconexos;
Escrevo por lapsos de cansaço;
E um tédio que é até do tédio arroja-me à praia.
Não sei que destino ou futuro compete à minha angústia sem leme;
Não sei que ilhas do sul impossível aguardam-me naufrago;
ou que palmares de literatura me darão ao menos um verso.

Não, não sei isto, nem outra coisa, nem coisa nenhuma...
E, no fundo do meu espírito, onde sonho o que sonhei,
Nos campos últimos da alma, onde memoro sem causa
(E o passado é uma névoa natural de lágrimas falsas),
Nas estradas e atalhos das florestas longínquas
Onde supus o meu ser,
Fogem desmantelados, últimos restos
Da ilusão final,
Os meus exércitos sonhados, derrotados sem ter sido,
As minhas cortes por existir, esfaceladas em Deus.

Outra vez te revejo,
Cidade da minha infância pavorosamente perdida...
Cidade triste e alegre, outra vez sonho aqui...

Eu? Mas sou eu o mesmo que aqui vivi, e aqui voltei,
E aqui tornei a voltar, e a voltar.
E aqui de novo tornei a voltar?
Ou somos todos os Eu que estive aqui ou estiveram,
Uma série de contas-entes ligados por um fio-memória,
Uma série de sonhos de mim de alguém de fora de mim?

Outra vez te revejo,
Com o coração mais longínquo, a alma menos minha.

Outra vez te revejo - Lisboa e Tejo e tudo -,
Transeunte inútil de ti e de mim,
Estrangeiro aqui como em toda a parte,
Casual na vida como na alma,
Fantasma a errar em salas de recordações,
Ao ruído dos ratos e das tábuas que rangem
No castelo maldito de ter que viver...

Outra vez te revejo,
Sombra que passa através das sombras, e brilha
Um momento a uma luz fúnebre desconhecida,
E entra na noite como um rastro de barco se perde
Na água que deixa de se ouvir...

Outra vez te revejo,
Mas, ai, a mim não me revejo!
Partiu-se o espelho mágico em que me revia idêntico,
E em cada fragmento fatídico vejo só um bocado de mim -
Um bocado de ti e de mim!...

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Boa Noite,

Ao realizar uma pesquisa sobre o escritor Rilke, encontrei este trecho do livro "Cartas a um Jovem Poeta" e achei bastante interessante. Confesso que já havia lido a obra anteriormente, porém, agora, relendo esta passagem, parece que tudo faz mais sentido. É como se eu tivesse realmente despertado para esta ideia, é como se agora realmente tivesse me encontrado neste parágrafo. Gostaria de dividir com vocês ...

"É tão novo, tão inexperiente ainda perante as coisas, que desejaria pedir-lhe, o melhor que soubesse, uma grande paciência, para tudo que ainda não estiver resolvido no seu coração. Esforce-se para amar as suas próprias dúvidas como se cada uma delas fosse um quarto fechado, um livro escrito em língua estrangeira. Não procure, por enquanto, respostas que não lhe podem ser dadas, porque ainda não saberia pô-las em prática, vivê-las. E trata-se, precisamente de viver tudo. De momento, viva apenas as suas interrogações. Talvez que, simplesmente vivendo-as acabe um dia por penetrar insensivelmente nas respostas" (Rainer Maria Rilke)

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Insônia Literária


O sono me esqueceu por completo. São 3 horas da manhã e nada dele se manifestar. Ás vezes, imagino que meu corpo e minha alma poderiam ser nutridos somente de versos, como se minha estrutura física não necessitasse do sono, nem do alimento, mas somente da grandeza interior adquirida pela paixão à arte e a escrita.

Não consigo parar. Este vício me consome dia a dia, madrugada a madrugada. Escrever é a força que me liberta das dores desta vida tão incerta. O dom de escrever é o presente que me foi dado. Após descoberto este poder, não canso de brincar com ele tal como uma criança entusiasmada. Às vezes não sei por onde meus passos devem caminhar, mas minhas mãos sabem exatamente quais traços devem ser deixados na folha em branco. Minha mente sabe primorosamente quais idéias devem ser expressas no papel.

Simplesmente quando eu estou sem rumo me coloco a escrever, então me reencontro e acho o caminho certo pra seguir. Escrever me devolve o chão, me traz tudo que necessito para continuar minha caminhada.

O silêncio da noite é meu companheiro. Ele me inspira a refletir e escrever. No momento em que estamos sozinhos, em busca do nosso verdadeiro eu, é quando realmente encontramos as respostas para às nossas aflições. É neste silêncio em que nos deparamos com nós mesmos, nossas fraquezas, sonhos e desejos. É no cair da madrugada que encontramos as nossas mais íntimas vontades e então percebemos o quanto somos movidos a sentimentos.

Mesmo que a madrugada passe e que apareçam os primeiros raios de sol da manhã, continuarei a escrever meus versos. O passar das horas já não me interessa. Perdi a noção de tempo tamanha é a sede que possuo de escrever, tamanha é a vontade de matar minha inquietude em cima de novos versos.

Esta é uma insônia maravilhosa. Não dormir para continuar escrevendo realmente vale à pena. Não quero saber se é dia ou noite, quero apenas escrever e descrever o que se passa em meu interior. Mesmo que meu corpo já não possua forças, minha alma não cansa de escrever. Portanto só dormirei quando for vencida por completo pelo domínio físico.

Que venham os próximos versos e que eu vire a próxima página do meu caderno de anotações literárias. O horário? Ah! Ele realmente não importa! Deixe-me escrever mais ...

*Karina Monteiro

domingo, 9 de agosto de 2009


Poetas

Podem até tentar calar a minha voz, mas nunca poderão impedir que eu escreva. Nunca poderão apagar meus textos, as minhas transcrições da vida. Além de deixarem marcas em papéis, as escritas deixam marcas no íntimo das pessoas.

Mesmo que os papéis se percam, as lembranças não se perdem. Mesmo que se queimem as páginas, não há nada que apague o brilho intenso dos meus olhos. Nem a chama que está acesa em mim e que me impulsiona a escrever mais.

As palavras escritas são as impressões de minha mente, são retratos vivos do que eu sinto e vejo. Representam os meus mais íntimos desejos que são revelados através de doces composições.

Escrever é despertar para si mesmo, representa mergulhar no seu próprio eu e revelá-lo ao mundo. Escrever é despertar emoções nos outros. Significa acordar outros corações, despertar idéias alheias, sonhos escondidos.

Escrever é deixar uma marca e não passar despercebido por esta vida. Escrever é permanecer neste mundo enquanto todos os outros passam. Escrever é a brincadeira dos poetas, aliás, que seres mágicos são os criadores da poesia. Seres que cansados da chatice e normalidade da vida, conseguem-na colorir com palavras belas.

Enquanto o mundo apresenta-se cinza, eu quero encher de cor meus caminhos. Quero ser uma criança grande que não cansará de sonhar e escrever um mundo incrível. Os poetas enxergam de forma diferente as coisas que todos julgam banais.

Um simples passeio pela cidade pode revelar belas histórias. Um simples caminhar nos proporciona visões jamais observadas. Isto tudo só depende da alma de quem vê e escreve, uma legítima alma de poeta.

O próprio jornalista é chamado de poeta do cotidiano, ele tem o poder de contar histórias do dia-a-dia com toques literários.Você tem um olhar profundo para enxergar as mínimas coisas? O que o leva a escrever? Seria por acaso uma força que você jamais conseguiu explicar?

Caso seja esta sua resposta, caro amigo, devo-lhe comunicar, você é um poeta. Agora é a sua vez de expressar o seu mundo, bem vindo ao clube!Não deixe ninguém calar a sua voz ... ESCREVA!

*Karina Monteiro - Publicado no Blog Literário - http://pbondaczuk.blogspot.com/



Parabéns, CCSP!

* Por Karina Monteiro

No dia 13 de maio, o Centro Cultural São Paulo (CCSP), um dos maiores símbolos culturais da capital paulista, completou seu 27º aniversário. Em quase três décadas de funcionamento, o espaço recebeu todos os tipos de manifestações artísticas e também a visita das mais diversas tribos.

Localizado em uma área privilegiada da cidade, entre as avenidas Vergueiro e 23 de Maio, o centro foi construído num enorme terreno, fruto das desapropriações para obras do metrô da linha 1 – Azul. Após a conclusão da estação Vergueiro do Metrô, a ideia era instalar naquele grande espaço um complexo constituído por escritórios, hotéis, um shopping center e uma biblioteca pública. Porém, para a sorte de todos os apaixonados por cultura, o projeto do complexo comercial não se confirmou e após uma série de estudos, a prefeitura paulistana resolveu implantar não só uma biblioteca, mas também um grande centro cultural.

Na época, ano de 1982, quando a inauguração do CCSP aconteceu em clima de festa, São Paulo possuía 8,5 milhões de habitantes. O objetivo era oferecer mais opções de cultura à população e ser um espaço democrático para apreciação das artes. Naquele contexto, a cidade não possuía tantos “points” culturais acessíveis e heterogêneos como se pode ver atualmente.

Os paulistanos foram presenteados com um endereço de charme único. O que antes seria um conjunto monótono de escritórios, deu lugar a um verdadeiro recanto para os amantes da arte, de uma boa conversa ou de um momento de sossego para ler. Por falar em livros, não há lugar melhor para ir em busca de um bom título, afinal o centro abriga três bibliotecas e uma gibiteca. Nada mais fascinante que mergulhar em uma leitura dentro de um espaço envolvente e que nos inspira arte e poesia ...

E quem também não gostaria de tomar um bom café e saborear um belo papo, observando aquela incrível paisagem ao redor? Além das grandes bibliotecas, da riqueza arquitetônica e da agradável vegetação, ainda temos muita gente bonita circulando pelos corredores culturais. Enfim uma atmosfera privilegiada!

Eu, como boa escritora que sou, confesso uma paixão enorme por este complexo de cultura. Este espaço foi palco de momentos ímpares em minha vida, lembranças que sempre levarei comigo. Exposições, shows de música, leituras, conversas, trocas de idéias, indicações de livros, encontros mais que especiais ... tudo isso o centro cultural já me proporcionou. A forma de agradecer é parabenizá-lo por seus 27 anos com esse carinhoso texto.

A primeira vez que visitei o CCSP aconteceu há alguns anos. Naquele episódio, um amigo meu havia revelado que o Centro Cultural era sua segunda casa, o lugar onde verdadeiramente sentia-se bem, quase que um refúgio. Quem diria que aquele endereço se tornaria o meu refúgio também ...De lá pra cá muitas histórias e passagens aconteceram naqueles corredores e jardins culturais. Adoro levar as pessoas de meu círculo social para visitarem o CCSP.

Agradeço aquele meu amigo por ter me apresentado este endereço. Afinal, agora também representa o meu segundo lar.Tamanha admiração pelo Centro Cultural me levou a fazer uma pesquisa sobre sua história. Foi então, que navegando pelo site oficial, encontrei fragmentos de sua trajetória e fotos de seu acervo histórico. Ao observar imagens de sua construção e de seus primeiros anos de vida, senti uma súbita curiosidade de conhecer ainda mais este espaço. Afinal, o centro já irradiava cultura anos antes de meu nascimento ...

Então, para continuar saciando minha curiosidade jornalística e cultural sobre o assunto, tomei a decisão de prosseguir com meus passeios por seus corredores e por suas bibliotecas, sempre em busca de informações novas. Por isso eu lanço o seguinte convite: aceita conhecer o CCSP comigo? Você é meu convidado para o passeio! Boa Viagem cultural pra nós!

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Boa Tarde Queridos Escritores,

Após mais de dois anos hospedada no Blog http://www.textosdekarinamonteiro.zip.net/, venho construir uma nova casa neste endereço. O blog continua sendo o mesmo, até o título permanece igual, porém agora está ainda melhor! Fiquem a vontade para descobrirem um pouquinho deste meu mundo poético.

Grande Beijo,



Ao encontro da Inspiração

* Por Karina Monteiro

Ela manteve-se afastada durante algumas semanas,
Adormeceu em um breve sono e agora parece despertar,
Durante os dias mais frios do inverno, ela esteve quieta, tímida,
Esperando que o próprio ritmo da vida a fizesse acordar,
Agora, com os primeiros raios de sol, reaparece e mostra seu encanto,
Com a mente e o coração fortalecidos, as palavras voltarão ao seu lugar,
Eis que quem desperta é a inspiração, que ressurge mais intensa,
Para o esperado momento da criação se revelar